Galera

Galera
A maior parte dos seres humanos, por preguiça e comodidade, segue o exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à critica. Tomar consciência da normose e de suas causa constitui a verdadeira terapia contemporânea. Trata-se, também, do encontro com a liberdade. Seguir cegamente as normas é tornar-se escravo. Roberto Crema

Esse é nosso lema!!

Esse é nosso lema!!
ESSE É NOSSO LEMA!!!! "A amizade é uma alma que habita vários corpos. Um coração que habita várias almas" Aristóteles

BOAS VINDAS!

Querer mudar o mundo é um desejo saudável e totalmente necessário. " Para ser feliz, o ser humano precisa somente de duas coisas: cultivar sementes de paz em seu coração e ter bons amigos. " - Buddha

Espaço da Galera!!!!!!!!!!!!!!!!!!

As coisas mais simples são os melhores presentes.

Leveza pra conduzir a vida; Beleza, que vai muito além da estética;

Determinação, porque sem ela nada acontece, nada;

Harmonia, paz e alegria sempre.

Silvana Mara dias Souza

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Crônica 1 do livro Eu Sozinha.

Crônica 1 do livro Eu Sozinha


I


Jamais hei de saber a imagem que os outros têm de mim. Eu me conheço dos espelhos, das fotografias dos reflexos, quando meus olhos param para se olhar e a diferença de ângulos impede criar uma dimensão real. Não sei os movimentos do meu rosto. Nunca me vi pela primeira vez. Tenho, de mim mesma, uma idéia preconcebida que alia o espírito aos traços fisionômicos e ao desejo de uma outra beleza. Criei, assim, uma pessoa invisível, mais real, para mim, do que qualquer outra. Dessa pessoal eu gosto. E, talvez por saber-me sua única amiga, ela me enternece profundidade. 
Vejo um rosto oval, de maçãs altas, a linha fácil e cheia descendo até meu queixo redondo, com uma doçura infantil. Os olhos grandes, plantados com sabedoria, são verdes, compridos, muito separados; tôda vez que alguém busca em mim algo a elogiar, apega-se aos olhos, e ficou-me convencido que tenho olhos bonitos. Entre eles, ocupando mais espaço do que o estritamente necessário, meu nariz é elemento básico para manter viva a ilusão de que no dia em que resolver ficar bonita, será suficiente operá-lo. A bôca, desenhada em redondos, tem o lábio superior pequeno e o de baixo cheio; divide-se, nítida, em luz e sombra, e somente os cantos virados para baixo a diferenciam de minha bôca de menina.
Ao redor da cabeça pequena sinto o cabelo despenteado. Curto, desce em vírgulas sôbre a testa, diante das orelhas e na nuca, deixando livre o pescoço. Sempre tive a impressão de um pescoço gracioso e longo, impressão provàvelmente devida à magreza com que surge dos ombros, prêso por tendões fortes, como se fôsse um esfôrço erguer-se entre os omoplatas.
Vejo um corpo de garôto, os ossos largos e parente confirmando a boa estrutura. Nos meus braços, o sol desenha veias e músculos. As costas são mais estreitas do que deveriam. Os seios, promessa nunca concretizada. A cintura, pequena. Nos quadris e nas pernas, uma capacidade de fôrça não solicitada. As mãos prendem-se ao punho sem hesitação, a palma é larga, os dedos fortes. Os pés são de pedra.
Quando me olho nas vitrines, de soslaio, tenho a passo seguro. Ando rápida, um pouco por pressa, um pouco pelo prazer físico de sentir o corpo em ação, obediente e jovem. Gosto de andar, e o faço com cuidado, sentindo o balanço e o apoio, prestando atenção. Tenho muito amor a meus gestos.
Quase não pisco. Às vêzes, a intensidade com que olho, querendo ver, doi-me nas têmporas. Quando estou sòzinha nuca sorrio, mas sorrio muito, com prazer e consciência, quando companhia.
Quisera ser mais frágil do que sou. E me orgulho de minha fôrça. Meu rosto é antigo. Ninguém mais moderno. Jovem, tenho tôda a minha velhice. A resistência me assusta. A liberdade me pesa. Não quero ser livre.
Gostaria de ser como os outros me vêm. Ou que os outros me vissem como sou. Haveria, assim, uma única pessoa.


*Crônica 1 do livro Eu Sòzinha,   lançado pela Record em 1968. Este é o primeiro livro da autora.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Há quem não goste de ninguém, pois ainda luta para gostar de si mesmo!


Nunca poderemos agradar a todo mundo, tampouco gostar de todos com quem convivemos ao longo de nossos dias. No entanto, precisamos tentar conviver pacificamente com aqueles que passam os dias perto de nós, ou os ambientes ficarão carregados demais e insuportáveis. Sejamos cordiais, sem falsidade ou afetação orquestrada, e assim evitaremos dissabores desagradáveis e mal estar inútil.



Cada um de nós sente as coisas de uma maneira própria e se expressa de acordo com o que possui dentro de si, de acordo com as experiências afetivas que construíram o seu caminho. Alguns são mais extrovertidos, outros se abrem com mais facilidade, enquanto muitos são tímidos e introspectivos, o que não significa que uns gostem mais ou gostem menos, pois a verdade não tem nada a ver com as aparências.
Existem pessoas quietas e introvertidas que são extremamente agradáveis e ótimas companheiras de vida, de trabalho ou de escola, assim como há quem se mostre bastante solícito e agradável, mas não se furta de difamar a quem quer que seja pelas costas. É por essa razão que nos enganamos tanto com aqueles com quem nos encontramos enquanto caminhamos, pois julgamos primeiramente aquilo que está visível, o que, não raro, destoa do que o outro realmente é.
Mesmo assim, encontraremos, pelo caminho, pessoas que não apenas aparentam ser frias e incapazes de afeição sincera, mas que são assim mesmo. Trata-se, sobretudo, de quem coloca o trabalho e a carreira, as aparências, a aquisição de bens acima de tudo, distanciando-se mais e mais dos relacionamentos desprendidos que marcam a vida da gente. Como nada na vida delas é desprovido de segundas intenções, tornam-se incapazes de compreender e de vivenciar o gostar por si só.
Existe quem nunca conseguirá se relacionar com sinceridade e afeição, com verdade, pois quem não se entrega àquilo que não traz retorno financeiro ou conforto material jamais conseguirá se achar digno de ser querido por alguém com sentimento puro. E, nessa busca pelo que o outro possa vir a oferecer materialmente, deixa-se de cuidar de si mesmo, da própria essência. Deixa-se de gostar de si mesmo enfim.
Preocupar-se demais em ser querido e em ser alguém agradável não fará com que consigamos a simpatia de todos, porque nem nós mesmos gostamos de todos com quem convivemos. Por isso, respeitar quem quer que seja, bem como exigir respeito, será o melhor que poderemos fazer. No fim das contas, se formos verdadeiros, acabaremos rodeados por quem bastará à nossa felicidade e nossa urgência em ser feliz, pois ali o amor reinará.