Galera

Galera
A maior parte dos seres humanos, por preguiça e comodidade, segue o exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à critica. Tomar consciência da normose e de suas causa constitui a verdadeira terapia contemporânea. Trata-se, também, do encontro com a liberdade. Seguir cegamente as normas é tornar-se escravo. Roberto Crema

Esse é nosso lema!!

Esse é nosso lema!!
ESSE É NOSSO LEMA!!!! "A amizade é uma alma que habita vários corpos. Um coração que habita várias almas" Aristóteles

BOAS VINDAS!

Querer mudar o mundo é um desejo saudável e totalmente necessário. " Para ser feliz, o ser humano precisa somente de duas coisas: cultivar sementes de paz em seu coração e ter bons amigos. " - Buddha

Espaço da Galera!!!!!!!!!!!!!!!!!!

As coisas mais simples são os melhores presentes.

Leveza pra conduzir a vida; Beleza, que vai muito além da estética;

Determinação, porque sem ela nada acontece, nada;

Harmonia, paz e alegria sempre.

Silvana Mara dias Souza

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Que tal experimentar a vida de braços bem abertos?

O que nos impede de nos atirarmos com confiança para as experiências do mundo? Por que temos tanto medo de nos entregarmos num relacionamento? E, mais que tudo, será que dá para mudar esse nosso eterno pé atrás com a vida?


Reportagem: Liane Alves - Edição: Amanda Zacarkim

Edição 0065

Você já pensou no que te impede de se entregar por inteiro na vida?
Ilustrações: Gunther Ishiyama | Fotos: André Spínola e Castro
O que faz alguém se lançar no mundo com coragem, determinação e alegria? A confiança - e a própria palavra tem em si mesma o segredo de como ela nos dá essa força que permite ultrapassar os próprios limites e medos para acreditar na begnidade da existência. Confiar vem do latim con fides, isto é, com fé. A confiança, portanto, é uma questão de fé. A gente pensa que a fé pertence ao universo da religião, mas não é só isso. É a fé que nos preenche o coração na hora de nos atirarmos num projeto, nos entregarmos em relacionamentos. Não se pode saborear plenamente a vida sem fé. Ela é nosso mais poderoso catalisador de energias.
E fé é muito mais que crença ou dedução de um raciocínio lógico. Ela é incondicional e, basicamente, um exercício dinâmico de coragem. E coragem, como o próprio nome diz, é ter o coração na ação. Quando colocamos o coração naquilo que fazemos, somos impulsionados pela fé, pela confiança. Ultrapassamos assim uma série de bloqueios e obstáculos, internos e externos, com resultados impossíveis de serem atingidos sem sua presença.

Por isso a confiança é tão poderosa. Dezenas de pesquisas mostram que a fé é decisiva para a manutenção da saúde, por exemplo. Pode ser tanto a fé em Deus quando a fé na vida, num sonho, num projeto. "Ela é fundamental para nossa saúde física e psíquica", diz Sueli Gevertz, psicóloga e coordenadora de comunicação da Sociedade Brasileira de Psicanálise.

Couraças musculares

Contudo, em algumas situações, experimentamos o principal motivo da perda da confiança e da coragem de estar de peito aberto: o medo da dor. Esse temor, segundo o criador da bioenergética, Wilhelm Reich, vai se refletir no corpo formando couraças musculares, que são a corporificação física dos nossos medos e defesas. O medo, como as couraças, é necessário na vida, porque nos protege e nos ajuda a sobreviver. "O que não pode é sempre querer enxergar a existência apenas através dele", diz a psicoterapeuta corporal paulista Irene Cardotti, especializada em bioenergética e terapia ocular. Isto é, há o momento da couraça, do escudo e da defesa, como também existe a hora do peito aberto e da entrega. E como fazer essa escolha com sabedoria?

Uma das respostas é se manter firme sobre seu próprio eixo. "Quando a gente tem os pés bem plantados no chão, está firme, seguro. Temos confiança porque sabemos que não é qualquer coisa que vai conseguir nos derrubar", diz Irene.

Outra saída para dissolver as couraças é ativar o corpo com exercícios de flexibilização, como ioga, tai chi, dança, circo, alongamento e práticas de bioenergética. E saber descarregar o excesso de energia na terra, andando descalços, por exemplo. "É preciso aprender a reconhecer que não podemos carregar pesos emocionais em excesso. Eles podem se acumular no corpo, na couraça dos ombros, por exemplo, e a gente fica como se fosse o gigante Atlas, carregando o mundo nas costas, curvado, tenso, incapaz de abrir os abraços, mostrar o peito e confiar no mundo", afirma a psicoterapeuta.

Mas o que dizer se realmente a gente foi muito machucado durante a vida? Como voltar novamente a confiar no mundo? Podemos fazer isso a partir de nós mesmos: reaprender, aos pouquinhos, a nos presentearmos com pequenos prazeres, apostar de novo em nossos sonhos e ideais, descobrir novos talentos e dar um voto de confiança ao futuro. Talvez seja preciso terapia ou a ajuda de um grupo de apoio, mas o caso tem solução e certamente o sol poderá voltar a brilhar outra vez.

Como água no vasilhame

Quando se mora quase 30 anos fora do Brasil em nove países diferentes, enfrentando realidades tão distintas quanto a de belas cidades de pedra do século 17 na Bélgica ou o ambiente úmido da floresta amazônica no Suriname, é preciso ter uma confiança básica e elementar na vida. É o caso de Mônica Vilhena, que foi oficial de chanceleria do Brasil no exterior. Ela tem uma maneira poética de se expressar sobre esse assunto: A confiança é como a água, que se adapta a cada vasilhame. Ela está sempre ali, independentemente do que acontece. A situação pode mudar que ela não desaparece nem muda de volume, diz ela. "Essa é a confiança verdadeira", assegura Mônica, que tem a humildade e a abertura necessárias para se adaptar a diferentes cenários. Ela enxerga o sucesso e a realização em cada situação e não vê a vida como uma sucessão de êxitos e fracassos. "Por isso, não se pode perdê-la nunca", diz.

Para manter essa maneira de encarar a vida, Mônica se apoiou na sabedoria do corpo. Há 22 anos pratica e ensina biodanza, método criado pelo antropólogo chileno Rolando Toro. Apreendeu a sentir as dores emocionais sem sucumbir e a resgatar uma confiança na vida, com base, principalmente, em movimentos corporais. É só olhar para uma pessoa confiante: ela diz isso fisicamente, por meio de suas expressões corporais. "E o primeiro passo para viver isso é se apoderar do próprio corpo, vivenciá-lo, senti-lo e liberar as dores emocionais que podem estar aprisionadas nele. Isso é muito curativo", afirma a instrutora.

"A pessoa que confia está a léguas de distância daquele otimista insuportável que sempre acha que tudo vai dar certo", afirma a psicoterapeuta carioca Natália Assunção. O otimista quer que as coisas dêem certo, custe o que custar. Já a pessoa confiante exala naturalidade, graça, leveza e não é obsessiva, diz Natália.

Então é isso: quem confia se sente seguro e tem fé na vida, não importando o que vai acontecer. Prepara-se, física e psicologicamente, tem ajuda ou pede por ela, treina muito e depois de um baque, é até capaz de dançar com um sorriso sobre o próprio fracasso.

Livros para saber mais
Do Desabrigo à Confiança, Bile Tati Sapienza, Escuta
Fontes da Força Interior, Anselm Grün, Vozes
Construa Confiança, Robert Solomon e Fernando Flores, Rocco