Após alguns livros de autoajuda, filmes reflexivos misturados com Tarantino e Kubrick para apimentar, sessões de terapia com direito a porres de florais passando até por rituais esotéricos, é cabível a conclusão que escrever possa ser a melhor alternativa pra colocar uma cabeça insana um pouco nos eixos.
Colocar a cabeça nos eixos...de louco todo mundo tem um pouco? Não! Tem muita gente que não é nem um pouco maluca e isso não significa que são chatos ou enfadonhos, apenas que são pessoas normais. Talvez um pouco mais previsíveis, mas isso não é sinal de monotonia, na verdade isso não é nenhum sinal, até mesmo porque pessoas normais normalmente não acreditam nesse assunto esotérico/probabilístico.
Os loucos são vistos como mais criativos, mais aventureiros, aqueles que são capazes de pensar várias coisas ao mesmo tempo. Porém, nesse último caso, quando realmente é necessário focar em algo, as suas escolhas podem pesar para o seu interesse momentâneo, independente da importância ou relevância dos outros assuntos.
Desesperador? Certamente para os normais. Por exemplo, o local onde ele guardará a chave de casa é algo totalmente irrelevante comparado à música maravilhosa que começou a tocar e à tradução simultânea que se torna extremamente necessária naquele momento. Estar com a gasolina na reserva também é outro caso completamente banal comparado àquele amigo que entrou no carro e começou a contar sobre o ultimo livro interessantíssimo que leu. Aventuras? Viajar sem ter certeza do destino ou hospedagem e contar com os imprevistos para uma viagem muito mais instigante são metas traçadas no seu roteiro, quer dizer, se o roteiro existisse.
E quebrando alguns clichês; o que também faz parte da boa insanidade; aqueles que se atraem na verdade são os semelhantes: todo louco tem um melhor amigo que o entende e que ainda é capaz de debater coisas incrivelmente interessantes no mesmo nível de insanidade!
É fato que em alguns momentos nós, loucos, até queríamos ser aquela pessoa prática, que tenta ter controle sobre tudo, que planeja milimetricamente o futuro e acredita unicamente na realidade. Mas o que seria dos sonhos? O que seria possível se deixássemos de acreditar no impossível?
A verdade é que para nós não há nada melhor que viver intensamente! Brindemos aos pequenos prazeres, a uma vida sem tantas regras e com mais espontaneidade. Além disso, dentro das histórias malucas que criamos e dos comportamentos no mínimo engraçados, podemos elaborar textos, escrever livros e viver sem tantos pudores. E convenhamos que às vezes dentro dessas “loucas” histórias, grandes verdades podem surgir, sobre os outros e principalmente sobre nós mesmos, algo que os normais com sua tão exata racionalidade, muitas vezes são incapazes de enxergar.
PUBLICADO EM SOCIEDADE POR DEBORA DELTA
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