O hábito de comer em conjunto têm vários significados como aproximar laços, conversar e olhar nos olhos
Texto: Uma das maiores funções da refeição é consolidar o grupo, reforçar os laços sociais
Foto: Cris Berger
Comer junto é um ato que ocorre desde que o homem é homem. A comida é um anúncio de que o convidado é, antes de mais nada, bem-vindo. Alguns estudiosos vão mais longe e defendem que toda a existência humana pode se resumir em dois grandes prazeres: a comida e o sexo. "Comemos para sobreviver e fazemos sexo para que sobreviva a espécie", diz o sociólogo Henrique Carneiro, da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, e autor de Comida e Sociedade, Uma História da Alimentação.
Acontece que a comida e o ato de se alimentar, para os homens, não ficaram restritos à sobrevivência. "O alimento é a liga entre várias necessidades: a fome do corpo, a vontade de ter boa companhia, o ato de compartilhar um prazer, além dos significados festivos e religiosos, diz Rui Murrieta, biólogo do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da Universidade de São Paulo.
Comer para compartilhar
Uma das maiores funções da refeição coletiva é consolidar o grupo, reforçar os laços sociais. Convidamos alguém para se sentar em nossa mesa porque a queremos por perto. E isso ocorre o tempo todo: aniversário do sobrinho, Natal, casamento do primo, campeonato de futebol e despedidas. Mas pode ser também um café da manhã corrido com o companheiro, mas que não deixa de ser a dois e de significar o compartilhamento de mais um dia.
Em algumas celebrações, o ingrediente principal é a fartura. Comer e beber em quantidade é sinal de vitória e alimenta a esperança de dias melhores. "Desde os romanos, no mundo ocidental, a celebração é farta e envolve muitas pessoas. Distribui-se a comida para que todos sobrevivam juntos e, por isso mesmo, comer pouco é uma ofensa", diz Rui Murrieta.
Há encontros em que a comida representa, ainda, um ingresso para novos círculos sociais, um elo para que alguém se aproxime. Assim nascem amizades, em atos que misturam oferenda e solidariedade. Mas ninguém se senta à mesa, come e vai embora, sem dar um pio. Conversar faz parte da experiência de repartir a comida, afinal nos alimentamos não só do que comemos, mas também ao saborear os afetos e as relações que sabemos existir entre os convivas.
Para além da comida, há ainda um outro marco maior: o olhar nos olhos, o riso e tudo o que envolve o alimento. Tem também a oferta de quem elabora o jantar, "porque é uma maneira de não ser esquecida", diz a jornalista Patrícia Cornils. Tudo isso é o que une as pessoas, desde tempos de Baco e Dionísio, à volta da mesa.
Para saber mais
Livros
Comida e Sociedade - Uma História da Alimentação, Henrique Carneiro, Campus
História da Alimentação, direção de Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari, Estação Liberdade
História da Alimentação no Brasil, Luís da Câmara Cascudo, Global
Arqueologias Culinárias da Índia,
Fernanda de Camargo-Moro, Record
Comida e Sociedade - Uma História da Alimentação, Henrique Carneiro, Campus
História da Alimentação, direção de Jean-Louis Flandrin e Massimo Montanari, Estação Liberdade
História da Alimentação no Brasil, Luís da Câmara Cascudo, Global
Arqueologias Culinárias da Índia,
Fernanda de Camargo-Moro, Record
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