Casamento é sempre igual – não importa o sexo dos noivos
23/01/2013 | 18:11 | MARGARIDA TELLES |
Quando
vejo manifestações contra o casamento gay, não consigo entender o que
passa pela cabeça dos manifestantes. Juro que me esforço. Sou formada em
Ciências Sociais e aprendi que devemos ver os fatos sociais como
coisas, como dizia um dos pais da sociologia, Émile Durkheim. Seguindo
esse método, até entendo que alguém possa achar ruim que um amigo
próximo ou familiar case com outra pessoa do mesmo sexo. Existem os
argumentos religiosos, as pressões por constituir uma família nuclear e o
medo que a pessoa tenha uma vida mais difícil por causa do preconceito
que possivelmente enfrentará. (adendo: pessoalmente não concordo com
nada disso). Mas ser contra o casamento gay por princípio? Ser contra
pessoas que você não conhece se casarem com pessoas que você não
conhece? Mesmo?
Alguns
argumentam que, ao permitir a união estável, um governo já faz o
bastante. Estaria assim garantindo direitos básicos para um cônjuge,
como uma eventual herança. Acho isso bom, mas não o bastante. Eu mesma
já moro com o meu namorado, mas quero um dia oficializar a nossa
relação. Pra mim, isso é importante. Acredito que o amor deve ser
celebrado e compartilhado – e adoro uma festa. Se eu sonho com o meu
casamento desde pequena, por que a minha amiga que gosta de meninas não
pode fazer o mesmo? Não é um capricho ou um detalhe. Casar com a pessoa
que você ama, independentemente de cor, orientação sexual ou classe
econômica é, na minha opinião, um direito.
Por
isso hoje me emocionei com um vídeo lindo sobre o casamento de dois
namorados, o Alécio e o Luiz Felipe. O Bruno Astuto, colunista da
revista, já falou sobre isso. Os noivos trabalham no Itamaraty e se
conheceram em um show, em 2008. Namoraram, juntaram os trapos e no ano
passado casaram em uma cerimônia para 250 convidados. O mais lindo do
casamento pra mim foi ver como é sempre a mesma coisa, não importa o
sexo dos noivos: pais emocionados, lágrimas, daminhas e pajens
descontroladas, decoração linda e muito amor.
Confira o vídeo abaixo, divulgado em novembro do ano passado.
O que você achou? Aqui o seu comentário é sempre bem vindo, mesmo que seja contrário ao meu. Só não pode faltar respeito, ok?
Alécio Guimarães, oficial de chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), e Luiz Felipe Czarnobai,
diplomata da mesma casa, nunca se cruzaram pelos corredores do trabalho
em Brasília, mas, desde que se conheceram num show em 2008, não se
desgrudaram mais. Em dezembro, eles oficializaram a união civil em
cartório e, no último sábado, aconteceu a cerimônia tradicional com a
bênção dos pais de ambos e festa para 250 convidados.
“Não
tem nada a ver com o mês das noivas, mas de disponibilidade do local,
mesmo porque é tudo absurdamente mais caro”, diz Alécio. “Estamos há
oito meses vivendo os detalhes do casamento. Vai ter testemunha, pajem,
gazebo, juíza de paz e as daminhas de honra vão levar as alianças”.
O
casal garante que o assunto é recorrente no Palácio do Itamaraty, com
muitos colegas de trabalho assumidos. “O Itamaraty é muito conservador
em muitos aspectos, mas em outros é bastante liberal. Todo mundo sabe
que somos namorados e isso é natural, mas temos a consciência de que
isso serve como exemplo para alguns casais que vivem num ambiente que
não favoreça a liberdade”, afirma Felipe. A lua de mel será no Havaí.
Eles têm planos de morar no exterior e futuramente adotar um filho.
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